Redação do Enem: como usar repertório sociocultural sem “forçar” ou cair em modelos prontos

  • 05/10/2025

Enem 2025: Exame será aplicado nos dias 9 de 16 de novembro. Reprodução/Redes Sociais A Cartilha de Redação do Enem 2025 foi divulgada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) na última sexta-feira (3). Além das orientações já conhecidas sobre a prova, é a primeira vez que o material chama atenção para os "repertórios de bolso" e explica como eles podem impactar a nota. Isso pode assustar alguns alunos, mas não é novidade. A presença de repertório sociocultural – "uma informação, um fato, uma citação ou uma experiência vivida que, de alguma forma, esteja relacionada ao tema e contribua como argumento para a discussão proposta", segundo o Inep – é avaliada pela competência 2 da Matriz de Referência do Enem. 📲 Siga o canal do g1 Enem no WhatsApp "Apesar de a informação ser nova na cartilha, a exigência de que as referências sejam pertinentes ao tema já existia. O Inep apenas clarificou a questão do repertório de bolso", analisa Maysa Barreto, assistente pedagógica da plataforma Redação Nota 1000. ➡️ E o que é repertório de bolso? A cartilha definiu como "referências prontas, memorizadas e frequentemente utilizadas pelos(as) participantes de forma genérica e pouco aprofundada, sem uma conexão genuína com o tema proposto". São alusões que parecem ter sido "guardadas no bolso" para serem encaixada em qualquer redação. "Na prática, professores já adotam esse critério em sala de aula, pensando, principalmente, nas questões de pertinência do repertório e do estímulo ao pensamento crítico", acrescenta Maysa. Maysa observa que o exercício do senso crítico, um dos elementos fundamentais do gênero dissertativo-argumentativo, é prejudicado pela memorização. Quando o aluno apenas reproduz um modelo pronto, deixa de refletir o que está argumentando e entrega uma analogia rasa e genérica. ➡️ Por que é problemático? O problema não está em citar autores ou conceitos conhecidos por si só, mas em fazê-lo de forma superficial. Conforme a cartilha, para ser considerado produtivo, o repertório precisa: ser pertinente ao assunto tratado; ser bem contextualizado e articulado com os argumentos; mostrar que o(a) participante sabe relacionar o conhecimento ao problema discutido. "Se o(a) avaliador(a) perceber que o repertório foi inserido de forma decorada, automática ou forçada, ele(a) pode avaliá-lo como não produtivo, o que poderá prejudicar a nota da competência II", diz o documento. A orientação já vinha sendo aplicada. Em 2024, a reportagem do g1 antecipou que corretores foram instruídos pelo Inep, durante treinamentos, a descontar pontos de redações que usassem repertórios forçados ou modelos prontos. LEIA MAIS: Inep orientou descontar pontos de redações do Enem 2024 que usaram repertório 'forçado' ou modelos prontos, dizem corretores Modelos pré-prontos de redação do Enem são vendidos por R$ 50 e podem ser cilada Como construir repertório para a redação do Enem O Enem valoriza conhecimento de mundo. Uma letra de música, o enredo de um livro, a cena de um filme marcante ou fatos noticiados: tudo pode ser fonte para ampliar o acervo de referências do estudante. "O Enem tem sido cada vez mais rígido com essa questão. É muito importante que o conteúdo escolhido seja fruto de associações e reflexões próprias do aluno, para que não pareça algo forçado", afirma Daniela Toffoli, professora do Curso Anglo. Ela lembra que o repertório deve ser cultivado no dia a dia, sem se limitar apenas a obras clássicas ou referências eruditas, por vezes usadas para tentar impressionar a banca. Para buscar mais referências, a professora recomenda que o aluno: ➡️ Leia materiais diversificados: Notícias, editoriais, artigos de opinião, revistas especializadas e livros, procurando sempre por fontes confiáveis; ➡️ Assista a conteúdos educativos: Documentários, vídeos no YouTube sobre temas sociais, políticos e históricos, palestras do TED Talks e filmes aclamados pela crítica; ➡️ Mantenha-se atualizado: Acompanhar debates relevantes no cenário nacional e internacional sobre temas como meio ambiente, desigualdade social, diversidade cultural e tecnologia; ➡️ Crie um banco de repertórios: Montar um caderno ou arquivo digital para organizar informações de filósofos, sociólogos, dados históricos e pesquisas, classificados por eixo temático (educação, saúde, tecnologia etc.); ➡️ Pratique relacionar ideias: Durante a leitura, identifique como determinado dado ou citação pode ser aproveitado para a argumentação. Enem 2025: O que pode zerar a redação (e como evitar) Como aplicar na redação Mais do que selecionar boas referências, é essencial saber aplicá-las no texto. A cartilha destaca que, para evitar o repertório de bolso, o candidato deve escolher exemplos específicos, que realmente tenham relação com o tema. Em seguida, é preciso articular o repertório com os argumentos para reforçar o ponto de vista defendido no texto – deixando evidente que se tem domínio do conteúdo citado e que ele ajuda a fortalecer a tese. "Sempre que mencionar um repertório, escreva uma oração analisando esse conteúdo e vinculando-o ao tema proposto", destaca a professora de redação Tanay Gonçalves, da plataforma Professor Ferretto. Para garantir uma boa argumentação, ela sugere uma estrutura clara nos parágrafos de desenvolvimento da redação: "Cada um deles deve ter ao menos quarto períodos: apresentação da ideia, inserção de um repertório para comprovar, análise relacionando-o ao tema e, por fim, avaliação da discussão do parágrafo". Daniela reforça que a inserção deve ser natural. “O repertório é um complemento, não o foco principal”, lembra. ❌ Exemplo ruim: "Como disse Aristóteles: 'O homem é um animal político'." ✅ Exemplo bom: “Segundo Aristóteles, o homem é um ser político. Essa concepção ressalta a importância de políticas públicas para o combate à desigualdade social.” O que evitar Professores orientam fugir de repertórios coringas, que são usados todo ano por muitos candidatos, independente da proposta. Além de batidos, nem sempre combinam com o tema. Alguns exemplos são Utopia, de Thomas More, e Modernidade Líquida, de Zygmunt Bauman, e o conceito de banalidade do mal, de Hannah Arendt. Jargões e ditados populares (por exemplo: “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”) também devem ser evitados. "Como não são provenientes de fontes e origens confiáveis, não contribuem para a defesa do ponto de vista", alerta Maysa. "A avaliação considerará o melhor repertório para a atribuição de nota. Por isso, caso o aluno utilize um repertório de bolso, é recomendado que ele traga também uma informação de outra área do conhecimento diretamente relacionada ao tema, usada de forma produtiva na argumentação. Assim, a nota não será prejudicada", indica Maysa. Exemplo do Inep "Utopia”, a famosa obra do escritor britânico Thomas More, retrata uma cidade perfeita, livre de mazelas sociais. No entanto, a realidade brasileira é adversa à idealizada na obra, pois os desafios para valorização da herança africana do Brasil são uma problemática existente. Assim, é possível identificar duas causas principais para essa conjuntura: a inércia governamental e as desigualdades sociais. O trecho acima aparece na Cartilha de Redação como exemplo de uso inadequado de repertório no Enem 2024, cujo tema foi “desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. O Inep explica porque pode ser considerado "de bolso": ➡️ "A citação à 'cidade perfeita, livre de mazelas sociais' funciona apenas como um contraponto simbólico entre o ideal e a realidade brasileira, sem contextualizar adequadamente a obra nem explorar os seus aspectos conceituais. A pessoa que escreveu a redação limita-se a usar o título e uma ideia simplificada do livro como estratégia de impacto, sem estabelecer uma conexão significativa com a valorização da herança africana, tema proposto pela prova".

FONTE: https://g1.globo.com/educacao/enem/2025/noticia/2025/10/05/redacao-do-enem-como-usar-repertorio-sociocultural-sem-forcar-ou-cair-em-modelos-prontos.ghtml


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