Graduações semipresenciais da UFC diminuem distâncias entre alunos e ensino superior no Ceará

  • 05/10/2025

Com a graduação à distância, Ana Glaucia segue se profissionalizando após anos de trabalho Uma distância de 130 km separa a localidade de Córrego da Ramada, na zona rural de Trairi — litoral do Ceará — do Campus do Benfica, em Fortaleza, onde a Universidade Federal do Ceará (UFC) oferta a licenciatura em Letras-Inglês. Contudo, a distância foi resolvida com um “click” quando a professora Ana Glaucia Montenegro decidiu virar aluna de uma graduação semipresencial ofertada pelo Instituto UFC Virtual. Ana Glaucia é moradora do Córrego da Ramada e, há mais de 20 anos, leciona em uma escola pública no Córrego dos Furtados — também na zona rural de Trairi. Nos últimos cinco anos, a professora também assumiu papel de aluna. Ana Glaucia se formou, em 2025, na licenciatura de Letras-Inglês — um dos oito cursos de ensino superior ofertados pelo UFC Virtual, unidade acadêmica da instituição dedicada, entre outras coisas, à educação à distância. “A conscientização em levar a eles [alunos dela] que eu, como professora, também estudo, que eu preciso estar estudando. Então, é um leque de oportunidades onde eles veem o professor estudando, se dedicando para eles mesmo. Então, eles conseguem perceber que o professor, também estudando, eles também precisam estudar”, disse. Após mais de duas décadas da primeira graduação, a professora não desiste de seguir em busca de capacitação e profissionalização. Para ela, esta é uma das formas de driblar os obstáculos de ensinar uma língua estrangeira em uma escola onde os alunos enfrentam dificuldades também com o português. Conforme dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb),em 2023, a Escola de Ensino Fundamental Sizina Azevedo — onde trabalha Ana Glaucia — teve apenas 36% dos alunos com aprendizado adequado em língua portuguesa. Assim, a professora se considera exemplo quando assume também o papel de estudante. “Eu sempre gostei de estudar. Eu acredito que a EAD é para pessoas que gostam de estudar, porque fácil não vai ser porque, em algum momento, você vai precisar se automotivar. 'Eu preciso estudar, eu preciso me auto melhorar'. Então, a EAD é para quem quer, se dedica, que quer finalizar o curso” Além da última graduação, Ana Glaucia possui outras formações à distância ofertadas pela UFC, como um curso de gestão escolar e também de coordenação pedagógica. As capacitações, para ela, são formas de aprimorar o modo com ela pode levar conhecimento à comunidade que ela também faz parte. “Hoje eu me considero uma tia-avó de muitos alunos que já passaram. Hoje, eu recebo os netos, os fihos dos alunos que ensinei 20 anos atrás. Então, você tem esse retorno da comunidade, a consideração da comunidade em relação a esse tipo de trabalho. Então, quando você estuda pelo EAD, é um esforço a mais que você tem pela comunidade”. UFC Virtual Gabriel Paillard, diretor do Instituto UFC Virtual, comenta atuação da unidade acadêmica. Ana Glaucia é uma das mais de 4 mil profissionais que já se formaram no Instituto UFC Virtual nas mais de duas décadas de atuação da unidade acadêmica. O Instituto foi criado em 2003, na gestão do reitor Roberto Cláudio Bezerra. No começo, a unidade era responsável por projetos específicos envolvendo educação a distância e novas tecnologias aplicadas à educação. A oferta de cursos de graduação ocorreu posteriormente, em 2006. O UFC Virtual oferta oito graduações à distância: Administração pública Espanhol Física Inglês Matemática Pedagogia Português Química Por anos, a oferta foi feita em parceria com o programa Universidade Aberta do Brasil. "Esse modelo foi bem pensado porque ele atinge muito mais municípios e permite que uma boa porção da população jovem consiga acessar universidades", comentou Gabriel Paillard, diretor do UFC Virtual. "[Essa população] não teria outro meio se não fosse por esse tipo de programa. Inclusive, para poder alcançar os municípios estabelecidos pelo Plano Nacional de Educação [PNE], que era ter em torno de 30% da população nessa faixa etária formada", complementou. Atualmente há alunos matriculados de 13 municípios cearenses: Aracoiaba Beberibe Caucaia Fortaleza Itapipoca Maranguape Meruoca Quixadá Quixeramobim Russas Sobral São Gonçalo do Amarante Tauá No entanto, o vínculo com a UAB foi desfeito em 2023 — mas Paillard garantiu que serão finalizados os cursos dos alunos que entraram por esse meio. A intenção da Universidade, conforme o diretor do UFC Virtual, é iniciar outro modo de seleção dos alunos e também criar uma graduação semipresencial em Fortaleza. Além das graduações à distância, o Instituto oferta dois cursos de ensino superior presenciais: Sistemas e Mídias Digitais (SMD) diurno e noturno. "O que se pensa, além de finalizar os cursos do UAB, é inserir EAD nos cursos presenciais também. Por quê? Porque o público são pessoas que trabalham. Então, só teriam acesso aos cursos à noite, mas a maioria dos cursos não têm essa oferta. Então, está-se pensando também nesse público para ampliar a oferta", explicou Paillard. Ele disse que o piloto dessa modalidade deve ser o curso noturno de SMD. "Para o noturno, com esse foco de facilitar a vida do público que trabalha, a gente vai concentrar em horários específicos entre 19h e 21h; de terça a quinta, ou de segunda a quinta e liberar a sexta", complementou. Gabriel Paillard é professor da Universidade Federal do Ceará e diretor do Instituto UFC Virtual. Ismael Soares/SVM O quarto virou sala A jovem Danielle Saraiva, de 27 anos, é uma das graduadas do Instituto UFC Virtual que viu na educação à distância a possibilidade de realizar um sonho. Ela é moradora de Itapiúna, município no Maciço de Baturité, a cerca de 119 km de Fortaleza. A distância seria um impeditivo para que ela conseguisse cursar Letras-Inglês na UFC. A ligação dela com a EAD iniciou há cinco anos. Enquanto o mundo diminuía os limites físicos durante a pandemia de Covid-19, Danielle expandia as possibilidades através da graduação à distância. "Em outro caso, eu teria que me deslocar todos os dias para conseguir me formar. Eu acho que se não fosse dessa forma [EAD], eu não conseguiria ter feito outra graduação, ainda mais em uma universidade desse porte", destacou a jovem. Em 2020, a jovem Danielle começou a graduação à distância em meio à pandemia de Covid-19. A graduação em Letras-Inglês foi a segunda formação de ensino superior de Danielle. Ela já era formada em contabilidade em uma universidade particular — curso que ela fez de forma presencial. Então, a jovem não hesitou quando descobriu o ensino semipresencial. “Eu não teria aguentado, não teria conciliado com o trabalho. Porque [o EAD] é muito versátil. As aulas ficam gravadas, então você pode assistir depois; os fóruns, eles não são sempre síncronos, você não precisa estar ali ao mesmo momento que o professor e que seus colegas, então é bem melhor”, reforçou. Educação à distância Educação à distância: saiba as vantagens da modalidade e os desafios para o futuro. As matrículas em cursos à distância — no Brasil — no ensino superior, em 2024, ultrapassaram a modalidade presencial, conforme dados do Censo da Educação Superior divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). No ano passado, foram 10.227.266 matrículas no ensino superior. Do total, 50,7% foram no ensino à distância. As matrículas na modalidade, inclusive, cresceram 5,6% em relação ao ano interior. "Essa facilidade de mobilidade que nós temos com os cursos de educação à distância é um dos maiores benefícios dessa modalidade", comentou o professor universitário Henrique Silva. "Além disso, nós temos uma oportunidade também de atingir mais pessoas. Então, enquanto nós temos uma sala de aula que tem uma limitação física de 35 ou 40 alunos, ou um laboratório que nós temos um número de máquinas bem limitadas, quando a gente joga essa disciplina no formato da modalidade à distância, nós conseguimos realmente atender um número muito maior", reforçou o professor. No Ceará, os dados não repetiram o cenário visto no país como um todo. As matrículas de EAD no estado tiveram uma queda de menos de 0,5% — passando de 173.776 em 2023 para 173.694 em 2024. No entanto, para o professor, a tendência da busca pela educação remota requer a devida atenção com base no avanço do uso de tecnologia na educação. "Desde o período da pandemia, principalmente depois da pandemia, houve uma busca muito grande pelos cursos de educação à distância. Então, isso justifica essa explosão que houve na abertura de novos cursos, na abertura de vagas, na tentativa até de atender cada vez mais os alunos. Mas essa abertura descontrolada, sem uma regulamentação, sem uma ordem, isso, na realidade, gera até prejuízo, porque você está formando maiores profissionais", pontuou o professor. Com o avanço da modalidade, neste ano, o Ministério da Educação (MEC) se movimentou para adotar mudanças e consolidar a regulamentação da Nova Política de Educação à Distância. Entre as principais mudanças, o MEC definiu que cursos de Medicina, Direito, Odontologia, Enfermagem e Psicologia deverão ser ofertados exclusivamente no formato presencial. O órgão ministerial também proibiu cursos superiores em formato 100% à distância. "Com o novo marco regulatório, essa carga horária passa a ser de 50%. Então, ele vai exigir mais dedicação dos professores, vai exigir mais infraestrutura e isso vai demandar muito nas universidades. O marco prevê que todas as universidades têm dois anos para poder fazer essa adaptação, ajustar os projetos pedagógicos, criar novos cursos, se for o caso, extinguir os antigos. Ou seja, vai ter uma mudança muito grande, uma reviravolta, por conta dessa necessidade do marco", avaliou o professor. Professor Henrique Silva comenta sobre desafios e vantagens da educação à distância. Kid Junior/SVM Assista aos vídeos mais vistos do Ceará

FONTE: https://g1.globo.com/ce/ceara/educacao/noticia/2025/10/05/graduacoes-semipresenciais-da-ufc-diminuem-distancias-entre-alunos-e-ensino-superior-no-ceara.ghtml


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